Os polícias estão indignados com o anúncio "demagógico" do ministro e acusam-no de querer desmobilizar a manifestação.
Afinal é falso o "contraciclo" com a restante administração pública, anunciado pelo ministro da Administração Interna, segundo o qual os polícias iam ter um aumento de 1,5%, além de outras subidas em suplementos. Segundo os sindicatos, o dito aumento - que não é sequer na massa salarial, mas na atribuição de um suplemento - representa cerca de 11 euros de média e não cobre, sequer a perda no ordenado (entre 20 a 25 euros) dos polícias que resultou do novo estatuto, que alterou a atribuição de subsídios.
Numa primeira reacção, o anúncio causou perplexidade, dado as medi- das de austeridade anunciadas para o Estado. Depois, os sindicatos esclareceram a "demagogia" de Rui Pereira, que acusaram de "tentar virar a opinião pública contra os polícias".
O governante negou também que as promoções estivessem estado "congeladas", conforme noticiou o DN na semana passada, entrando em contradição quer com a direcção da PSP quer com o seu próprio secretário de Estado Conde Rodrigues, que admitiu aos sindicatos essa situação (entretanto desbloqueada pelas Finanças).
"Só encontramos duas explicações para estas declarações extemporâneas do sr. ministro", assevera o presidente do maior sindicato da PSP, a ASPP, "uma é estar a virar os cidadãos contra a polícia, o que é uma irresponsabilidade, pois pode ter consequências graves a nível da segurança, outra é tentar desmobilizar a manifes- tação que temos marcada para quinta-feira. Acreditamos que não conseguirá nenhum desses objectivos".
Rui Pereira tentou, de facto, assinalar o "contraciclo" salarial na polícia, frisando que "neste ano em que a função pública não tem aumentos e em que há uma redução de salários dos titulares de cargos públicos, existe um aumento para a PSP e GNR". Mas foi infrutífero.
Bettencourt Picanço, presidente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) concorda com os aumentos. "Congratulamo-nos e esperamos que outros trabalhadores com as carreiras congeladas vejam a sua situação regularizada."
O ministro anunciou um aumento de 60 para 150 euros do subsídio de fardamento, mas Paulo Rodrigues lembra que esta verba "nunca chega aos bolsos dos polícias. É uma espécie de 'fundo' de onde é descontada essa despesa, sempre que um polícia vai ao armazém levantar uma peça de roupa". A ASPP diz que "até abdi-ca" dessa verba, desde que o MAI "conceda o fardamento adequado ao desempenho da missão sempre que necessário".
É por termos políticos assim que o país está praticamente na banca rota.
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