Terminou sexta-feira o prazo de entrega de candidaturas para ingresso na PSP. Este ano foram 5 mil os candidatos, não estando muito longe dos três mil de 2008, mas contrastando com os 16 mil que se candidataram à GNR, cujo prazo terminou na semana passada.
Esta situação tem valido críticas por parte das associações sindicais, que apontam a profissão de polícia como 'um problema'.
Recorde-se que só em 2011 é que acabam os actuais cursos, numa altura em que saem mil elementos para a PSP e mil para a GNR. No entanto, ao que o CM apurou, desde 2000 já saíram da PSP 4257 profissionais e neste momento há 410 pedidos para a pré-reforma e 80 para a aposentação.
DISCURSO DIRECTO
"SER POLÍCIA JÁ É VISTO COM UM PROBLEMA": António Ramos, Presidente do Sindicato dos Profissionais de Polícia (SPP) sobre as cinco mil candidaturas à PSP
Correio da Manhã – Terminou na sexta-feira o prazo para a entrega de candidaturas à PSP com um total de cinco mil inscritos. Como vê este número?
António Ramos – É muito pouco, tendo em conta o número de candidatos à GNR que é de 16 mil. Mas isto só prova o que andámos a dizer há muito tempo. Ser da Polícia já não é bom para ninguém e já é visto como um problema. Quem está na Polícia está descontente e quem não está vê bem os problemas que lá existem.
– Nota uma diferença muito grande nas candidaturas em relação a anteriores escolas?
– No ano de 2008 tivemos três mil candidatos, o que ainda foi pior, mas, por exemplo, há dez anos tivemos 13 mil candidatos. Ao longo dos anos há uma diminuição do gosto desta profissão. Para se ter uma ideia, quando eu me candidatei à Polícia éramos 18 mil.
– Isto acontece porquê?
– Porque acabaram com todos os incentivos à profissão. O Governo deixou de considerar a PSP como uma profissão de risco e exemplo disso é a retirada da condição especial que tínhamos. Temos profissionais cansados da profissão, que só pensam no dia em que vão embora, e cada vez há mais agressões. Os polícias deslocam-se às ocorrências e são agredidos. Não é normal que as estatísticas apontem para três a quatro agressões por dia. A carreira policial deixa de ser atractiva.
– Porque se torna cada vez mais parecida com a Função Pública?
– Não tenho dúvida. Temos pessoas cansadas na Polícia, com os 36 anos de serviço e os 55 anos de idade. Assim, não podemos pedir eficácia. Mais: ao longo do tempo, temos mais dificuldades. Veja-se a recente polémica em torno da graduação de oficiais. Não acho mal, porque está previsto no estatuto: o problema é o tratamento diferenciado em relação aos agentes. Defendo a igualdade de tratamento entre as categorias.
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