As escolhas na vida de Carlos Martins fizeram-se pelo lado errado. Recusando-o sempre. Dificilmente teria uma vida pior, não fosse uma avó que o criou. Cresceu sem os pais, que o abandonaram em criança, num bairro problemático do Porto, a Prelada. Quando entrou no Instituto e tinha de levar a farda para lavar ao fim-de-semana, pedia a avó que não a estendesse na rua, com medo que lha roubassem.
Quando via os miúdos na rua a seguirem os "maus caminhos" em vez de ir atrás deles pensava no seu próprio destino, "em encontrar uma maneira de combater as injustiças e proporcionar mais segurança para as pessoas de bem". Carlos Martins, 23 anos, considera-se um "sortudo". Parece saído de um filme do "sonho" americano, em que o impossível é possível. "Desde muito criança que aprendi com os maus exemplos. Por isso digo que sou um sortudo por ter chegado aqui. O primeiro quarto que tive foi aqui na escola, o primeiro computador que comprei e a carta de condução foi tirada com o dinheiro que ganhei aqui. Sou o primeiro na minha família a tirar um curso superior", conta, num fôlego emocionado.
Sem comentários:
Enviar um comentário