18/03/2010

PSP actuou sem o chefe presente

As EIR são compostas por oito agentes sob comando de um graduado que decide como agir e quando disparar. "Onde estava o graduado de serviço? Ele podia ter evitado o terceiro disparo", disse ao DN, revoltado, Jorge Rodrigues, irmão da vítima.
Fonte policial disse ao DN que, naquela madrugada de segunda--feira, o responsável pelo agente M., de 27 anos, tinha ido à esquadra para tratar "de papéis relacionados com a operação stop", disse fonte policial ao DN. Foi neste momento, pelas 05.00, que o rapper MC Snake, amigo de Sam The Kid, desobedeceu à ordem de paragem para ser fiscalizado, motivando toda a perseguição que terminou na sua morte.
Já no nó da Radial de Benfica com a Travessa São Domingos de Benfica, o agente M. terá saído da carrinha em que seguia e efectuado dois disparos para o ar. "O terceiro foi inadvertido", explicou o próprio aos familiares. O advogado Santos Oliveira, que representa o polícia, diz que o agente "ficou em choque com a situação, está muito perturbado e de baixa psicológica".
Ao DN, o advogado reafirma ainda que o polícia não sabia manusear a arma que trazia. "Ele nunca tinha tido formação com aquela arma. Teve, sim, com uma 7.65 mm. Foi o que ele me disse e eu acredito no meu cliente", diz.
Uma versão ontem contrariada em comunicado pela Direcção Nacional da PSP. "O elemento policial, para além de formação de tiro que fez em Fevereiro de 2009, efectuou igualmente a formação de Módulo de Intervenção Rápida entre 19 de Março e 1 de Abril de 2009 e dois cursos de formação técnico-policial em Novembro de 2009."
Segundo outra fonte policial contactada pelo DN, desde há ano e meio que a PSP adoptou um plano de treino com armas de fogo, segundo o qual cada agente tem de passar por uma carreira, pelo menos uma vez por ano.
Além disso, no caso do agente M., o facto de pertencer a uma equipa de intervenção rápida obrigou-o a passar por um curso de especialização, no qual a intervenção táctico-policial, o uso da força e a utilização das armas de fogo constituem os módulos mais estudados e treinados, diz a fonte. Ainda assim, o advogado Santos Oliveira diz que essa formação ainda não tinha sido feita.
O DN soube que numa primeira análise, oficiosa, feita pela hierarquia da PSP, não haveria no caso em questão nenhum factor que justificasse a utilização da arma - nem no que diz respeito a uma possível legítima defesa, nem na proporcionalidade da resposta face à ameaça ou risco.
Ontem no bairro de Chelas, onde vivia a vítima, amigos e familiares mantiveram-se serenos e lançaram alertas para que não houvesse qualquer tipo de tumulto. Ainda assim, apurou o DN junto de fonte do Comando da PSP de Lisboa, a directiva já instituída na PSP para zonas urbanas sensíveis recomenda atenção quando há uma perturbação num chamado bairro social. A ordem é para que os polícias não circulem sozinhos nos bairros e nas proximidades e que usem coletes de segurança.
Foi o que aconteceu no ano passado no bairro da Bela Vista, em Setúbal, após a morte de um suspeito também durante uma perseguição. A PSP vai optar por "um policiamento discreto".

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