Velhos, sozinhos e, sobretudo, endinheirados. Era este o tipo de homens preferidos de uma mulher brasileira, residente na Covilhã, que, na quarta-feira, juntamente com outros quatro comparsas, foi detida pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), depois de ter sido surpreendida em flagrante em mais um acto de extorsão.
O grupo, onde se contam um chefe da PSP e um funcionário da câmara local, ter-se-á apoderado, no último ano e meio, de cerca de 700 mil euros. Para já conhecem-se 12 vítimas, número que deverá aumentar com a notícia das detenções.
As investigações iniciadas em 2009, após uma denúncia, terminaram na quarta-feira quando um idoso da Covilhã foi surpreendido num quarto da casa para onde uma mulher brasileira o levara na presunção de que iria ter sexo. Não teve. O que ganhou foi um valente susto quando a porta do quarto se abriu violentamente e entrou um homem, ameaçador, gritando que era inspector da Polícia Judiciária (PJ) e que mataria o homem que estava prestes a deitar-se com a sua mulher.
Matar? Bem... Para tudo há um perdão e a infidelidade em causa poderia ser esquecida por... nove mil euros. Temendo pela vida, o homem fez um primeiro levantamento de algumas centenas de euros e, depois, foi ao banco onde tratou de sacar o restante para aplacar a ira do marido enganado. Entregou o dinheiro e, de seguida, foi apresentar queixa. Quando os inspectores do SEF, que há muito investigavam a onda de crimes de amor, conseguiram contactar com o banco onde já fora depositado o valor da extorsão, ainda encontraram todo o dinheiro dentro da máquina automática de levantamentos e depósitos. Tratava-se, pois, de uma forma segura encontrada pelos suspeitos para não se exporem perante eventuais testemunhas.
Não havia qualquer inspector da PJ envolvido, mas havia um chefe da PSP local, homem que já estava a ser alvo de um inquérito interno por suspeita de conduta ilegal. Também havia três outros indivíduos cujas funções na organização passavam pela falsificação de documentos, pela prática de ameaças às vítimas relutantes em aceder à chantagem e pela escolha dos próprios idosos que, atendendo à sua condição social e, principalmente, financeira, poderiam ser alvos fáceis.
Numa ocasião, um dos homens extorquidos terá mesmo sido metido na bagageira de um carro onde permaneceu durante horas e fez centenas de quilómetros, tendo mesmo sido transportado para Espanha, onde o terão ameaçado de morte caso teimasse em não dar o dinheiro exigido.
Um dezena de vítimas
O PÚBLICO sabe que as primeiras estimativas apontam para que o grupo se tenha apoderado, desde há um ano e meio, de cerca de 700 mil euros, dinheiro que seria propriedade de uma dezena de vítimas (da Covilhã, Tortosendo, Fundão e Unhais da Serra).
Num dos casos investigados, o grupo terá sacado cerca de 300 mil euros a uma só pessoa. Primeiro seduzido e depois ameaçado, o homem entregou-se aos amores da insinuante brasileira. Mais tarde, viu a sua documentação pessoal devassada, furtada e falsificada e, com o passar dos meses, a conta bancária esvaziada.
Os cinco detidos nesta operação do SEF - que envolveu 50 inspectores e ainda uma equipa da GNR - deverão ser acusados de extorsão, furto qualificado, falsificação de documentos e auxílio à imigração ilegal, uma vez que, alegadamente, utilizavam documentos das vítimas para celebrarem falsos contratos que vendiam a estrangeiros.
No decurso da operação, denominada Estrela, foram apreendidos dois carros. Sabe-se que parte do dinheiro extorquido foi depositado em contas pessoais dos suspeitos, mas a maior parte da quantia foi para as contas de alguns familiares dos envolvidos. A mulher, que seria a mentora dos delitos, e os comparsas foram ontem presentes ao juiz de instrução.
As investigações iniciadas em 2009, após uma denúncia, terminaram na quarta-feira quando um idoso da Covilhã foi surpreendido num quarto da casa para onde uma mulher brasileira o levara na presunção de que iria ter sexo. Não teve. O que ganhou foi um valente susto quando a porta do quarto se abriu violentamente e entrou um homem, ameaçador, gritando que era inspector da Polícia Judiciária (PJ) e que mataria o homem que estava prestes a deitar-se com a sua mulher.
Matar? Bem... Para tudo há um perdão e a infidelidade em causa poderia ser esquecida por... nove mil euros. Temendo pela vida, o homem fez um primeiro levantamento de algumas centenas de euros e, depois, foi ao banco onde tratou de sacar o restante para aplacar a ira do marido enganado. Entregou o dinheiro e, de seguida, foi apresentar queixa. Quando os inspectores do SEF, que há muito investigavam a onda de crimes de amor, conseguiram contactar com o banco onde já fora depositado o valor da extorsão, ainda encontraram todo o dinheiro dentro da máquina automática de levantamentos e depósitos. Tratava-se, pois, de uma forma segura encontrada pelos suspeitos para não se exporem perante eventuais testemunhas.
Não havia qualquer inspector da PJ envolvido, mas havia um chefe da PSP local, homem que já estava a ser alvo de um inquérito interno por suspeita de conduta ilegal. Também havia três outros indivíduos cujas funções na organização passavam pela falsificação de documentos, pela prática de ameaças às vítimas relutantes em aceder à chantagem e pela escolha dos próprios idosos que, atendendo à sua condição social e, principalmente, financeira, poderiam ser alvos fáceis.
Numa ocasião, um dos homens extorquidos terá mesmo sido metido na bagageira de um carro onde permaneceu durante horas e fez centenas de quilómetros, tendo mesmo sido transportado para Espanha, onde o terão ameaçado de morte caso teimasse em não dar o dinheiro exigido.
Um dezena de vítimas
O PÚBLICO sabe que as primeiras estimativas apontam para que o grupo se tenha apoderado, desde há um ano e meio, de cerca de 700 mil euros, dinheiro que seria propriedade de uma dezena de vítimas (da Covilhã, Tortosendo, Fundão e Unhais da Serra).
Num dos casos investigados, o grupo terá sacado cerca de 300 mil euros a uma só pessoa. Primeiro seduzido e depois ameaçado, o homem entregou-se aos amores da insinuante brasileira. Mais tarde, viu a sua documentação pessoal devassada, furtada e falsificada e, com o passar dos meses, a conta bancária esvaziada.
Os cinco detidos nesta operação do SEF - que envolveu 50 inspectores e ainda uma equipa da GNR - deverão ser acusados de extorsão, furto qualificado, falsificação de documentos e auxílio à imigração ilegal, uma vez que, alegadamente, utilizavam documentos das vítimas para celebrarem falsos contratos que vendiam a estrangeiros.
No decurso da operação, denominada Estrela, foram apreendidos dois carros. Sabe-se que parte do dinheiro extorquido foi depositado em contas pessoais dos suspeitos, mas a maior parte da quantia foi para as contas de alguns familiares dos envolvidos. A mulher, que seria a mentora dos delitos, e os comparsas foram ontem presentes ao juiz de instrução.
Público, 2011.09.16
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