A indignação nas forças de segurança atingiu de novo o limite. Se o Governo não ceder nos próximos dias às reivindicações, os sindicatos e as associações da PSP, GNR, ASAE, Polícia Marítima e Guardas Prisionais estão preparados para uma semana de protestos. Prevê-se sete dias – de 21 a 28 – com menos polícias a patrulhar, menos acções de fiscalização e menos multas.
Na GNR e PSP, o clima de insatisfação já era grande com o anúncio de cortes na área da segurança interna, e atingiu o auge com os desequilíbrios provocados pela não aplicação da nova tabela salarial a todos os operacionais. "Só estamos a lutar para que seja cumprida a lei", afirma Paulo Rodrigues, presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP).
Segundo o responsável, o Governo precisava apenas de "mais 150 mil euros por mês" para regularizar a situação das remunerações na PSP, de acordo com o novo Estatuto. E de 4,7 milhões de euros para liquidar os retroactivos.
Mas Miguel Macedo, ministro da Administração Interna, fala num aumento de custos de 68,7 milhões de euros para assegurar a transição da GNR e PSP para a nova tabela salarial. E avisa que tem pouca margem de manobra para suportar este acréscimo. Os profissionais não se comovem. "Temos sido constantemente prejudicados, e a desmotivação é grande", lamenta César Nogueira, responsável da Associação Profissional da Guarda.
Os guardas prisionais e os inspectores da ASAE podem fazer greve e os restantes elementos das forças de segurança serão convidados a recorrer a "todos os mecanismos legais para não irem trabalhar" durante uma semana, a "exagerarem na prevenção" e a evitarem a repressão.
"A FRENTE NOS PROTESTOS"
O protesto previsto para a próxima semana, com a possibilidade de greves e manifestações de rua, é a primeira grande acção de contestação que este Governo vai enfrentar. "Numa altura em que a polícia é cada vez mais importante e solicitada, não deixa de ser um contra-senso que sejam as forças de segurança a estar na linha da frente dos protestos", afirma Paulo Rodrigues, da ASPP/PSP.
E quando a palavra de ordem é poupar, os cofres do Estado podem vir a sofrer um novo rombo, caso exista greve às multas, como aconteceu em 2009, com os patrulheiros da extinta Brigada de Trânsito da GNR. Só num ano, perdeu-se 14 milhões de euros.
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