22/01/2014

MAI e sindicatos ponderam compensações só para polícias pelos cortes salariais da função pública

Maior sindicato da PSP recusou reunir com Miguel Macedo e acusou Governo de só querer “queimar tempo”. Situação revela divisões entre os líderes sindicais.
Os polícias podem vir a beneficiar de suplementos remuneratórios para compensar os cortes salariais. A medida está a ser ponderada no Ministério da Administração Interna (MAI) e foi nesta terça-feira colocada à discussão com sindicatos da PSP. Os cortes, em média de 200 euros por cada agente, abrangem toda a função pública no âmbito do Orçamento de Estado.

“Foi abordada essa questão na reunião. Vai ser ponderada”, disse o presidente do Sindicato Nacional de Polícia (SINAPOL), Armando Ferreira. Mas o encontro, marcado com dez sindicatos, ficou, porém, marcado por divergências.
O maior sindicato dos agentes da PSP, a Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP-PSP) recusou reunir com o ministro, Miguel Macedo. “A ASPP não poderia aceitar uma reunião com dez sindicatos — com um mínimo de 30 pessoas — em que não se iria discutir em pormenor nada, nem tão pouco dali iriam resultar bons frutos. Íamos preparados para reuniões individuais que são sempre mais produtivas. Esta reunião era para queimar tempo”, disse o presidente da ASPP-PSP, Paulo Rodrigues. A recusa provocou desagrado nos restantes sindicatos revelando uma divisão de objectivos no seio sindical policial. Apesar da crescente indignação abrangente na classe policial contra os cortes salariais, demonstrada em manifestações e múltiplas reuniões para agendar protestos, ontem o momento foi fracturante.
O MAI não quis reagir. “Não se compreende a atitude da ASPP-PSP que foi recebida com desagrado entre os restantes.
Eles queriam reunir sozinhos. Não sei que interesses defendem mais.
Se os do sindicato se os dos polícias”, aponta Armando Ferreira. “Nós não conseguimos perceber como é que os restantes aceitaram reunir em conjunto quando o sindicato dos oficiais reuniu individualmente. Isso é uma discriminação. Não foram tomadas decisões.
A reunião foi para empatar.
Todos deviam reunir individualmente com o ministro”, defende Rodrigues. Durante o encontro, foi ainda debatida a possibilidade de as contribuições para o Sistema de Assistência em Doença da PSP serem facultativas. “Há muitos sítios em que os agentes pagam, mas não há lá serviços médicos disponíveis”, explica o presidente do SINAPOL.
Segundo o responsável, os sindicatos voltam a reunir com o MAI a 7 de Fevereiro. Amanhã todas as estruturas sindicais da PSP se reúnem em Lisboa. Farão um balanço do encontro com o MAI. “Vamos analisar a posição dos outros e o que querem”, disse Rodrigues que garante, porém, que novas manifestações podem vir a acontecer no âmbito da Comissão Coordenadora Permanente (CCP) dos Sindicatos e Associações dos Profissionais das Forças e Serviços de Segurança, de que é secretário nacional. A estrutura integra sindicatos da GNR, PSP, SEF, Polícia Marítima, ASAE e Guardas Prisionais que também estiveram reunidos nesta terça-feira com a ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz.

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