21/09/2012

Quatro homens perderam milhares de euros para prostituta

por Lusa, publicado por Leonor Mateus Ferreira

Pelo menos quatro homens terão perdido milhares de euros depois de conhecerem Janete Pires, prostituta brasileira de 39 anos, que começa a ser julgada na quinta-feira, no Tribunal da Covilhã, com outros nove arguidos.

A mulher é acusada de extorsão na forma continuada, associação criminosa, burla qualificada, lenocínio, auxílio a imigração ilegal com intenção lucrativa, corrupção ativa e dois crimes de falsificação de documento.
Segundo o Ministério Público, Janete seduzia homens com posses, aos quais começava a extorquir verbas avultadas, recorrendo a cúmplices para os ameaçarem com violência.
Na instrução do processo, a mulher retorquiu dizendo que os homens é que a procuravam, por ser uma prostituta "muito solicitada e conhecida", queixando-se de ser vítima de pressões de terceiros.
A argumentação não vingou e o Tribunal da Covilhã manteve a acusação, segundo a qual um homem de 53 anos foi o que mais perdeu, ao entregar a Janete, pelo menos, 400 mil euros.
O processo faz referência a transferências bancárias ao longo de 2009 e 2010 desse homem para Janete, sendo que, só numa dessas transferências, a 09 de julho de 2009, a verba movimentada ascendeu a 146 mil euros.
O homem era ameaçado com violência por Ricardo Madaleno, suposto companheiro de Janete, e "Mário Cigano", ambos arguidos no processo e aos quais a vitima tinha de entregar os comprovativos das transferências.
Acabou por conseguir afastar-se dos arguidos, mas já recorrendo ao Rendimento Social de Inserção e depois de viver em casa de Janete, por estar na miséria.
Outra das vítimas, de 69 anos, casou com Janete "a pedido dela, para que se pudesse legalizar" em 2007, segundo relatou.
Este homem morreu a 12 de julho deste ano, em Estremoz, de causas naturais, segundo fonte ligada ao processo.
Contou que era "permanentemente constrangido", alvo de "violência física e psicológica".
Através da cúmplice Isabel Gregório, funcionária bancária, Janete terá conseguido uma segunda via da caderneta bancária desta vítima, com a qual lhe tirava a pensão.
Já na miséria e apoiado por uma instituição social, em Estremoz, o homem não conseguiria ver-se livre da rede sem antes ser ameaçado, por ter mudado o depósito da pensão para outro banco.
No processo é ainda relatado o caso de um homem de 74 anos, que em setembro de 2011 foi convidado na estação ferroviária da Covilhã por Janete para irem para casa dela.
Ali surgiu o cúmplice Ricardo Madaleno, que se identificou como elemento da Polícia Judiciária e pediu nove mil euros ou a vítima teria de responder em tribunal.
O processo relata o tormento do homem nos dias seguintes, de banco em banco, para reunir alguns milhares de euros - sendo que as notas acabariam por ser rastreadas até um depósito efetuado pela própria Janete.
O quarto caso é o de um homem de 58 anos, que começou a entregar dinheiro à principal arguida depois do primeiro encontro em julho de 2011.
As quantias foram aumentando, com justificações que incluíam o pagamento de despesas de saúde de uma sobrinha de Janete, até ao dia em que o banco lhe pede para aprovisionar a conta.
Descobriu que lhe tinham levado mais de dez mil euros e, na ocasião, chegou a pedir dinheiro para comer a Janete - antes de saber que tinha sido ela própria, com uma cópia da caderneta bancária, a levar o dinheiro.
As duas primeiras sessões do julgamento estão marcadas para quinta e sexta-feira, no Tribunal da Covilhã, às 09:00.

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