15/04/2010

Cidadão mordido por CMDT da GNR

"Fui trincado pelo senhor comandante"

Ex-colegas de tenente de Valença e vítima comprometem. Oficial nega

O comandante do Destacamento Territorial da GNR de Valença está a ser julgado por alegadamente ter mordido um cidadão num dedo, durante uma manifestação contra o fecho do Serviço de Atendimento Permanente, há cerca de três anos.
Ontem, em tribunal, Olívio Nascimento, residente em Valença e antigo funcionário do centro de saúde local, contou que o tenente Miguel Branco lhe agarrou a mão esquerda e trincou o dedo anelar, no decurso de um protesto de rua, numa altura em que a GNR barrava a passagem aos manifestantes.
"Fui agarrado pelo pescoço, puxado para trás pelo colarinho de um casaco de cabedal com muita violência. Fui trincado pelo senhor comandante. Acho que ele fez aquilo impensadamente, não sei".
Ao tribunal, a suposta vítima declarou também que se sente "perseguido" desde que apresentou queixa por causa da alegada mordidela. "Tenho carta de condução há 39 anos e só nos últimos três anos já fui multado 14 vezes, sempre à porta de minha casa. Alguma coisa se passa", queixou-se.
Ex-colega pensou em suicídio
Dois ex-colegas do oficial, que responde pelo crime de ofensa à integridade física, fizeram depoimentos pouco abonatórios para o arguido. Um ex-militar que prestou serviço na GNR de Valença, sob as ordens de Miguel Branco, disse ontem no tribunal que chegou até a "pensar em suicídio" por causa do tratamento a que era sujeito em serviço.
"Fui duas vezes ao gabinete de psicologia porque havia muita pressão sobre a minha pessoa", disse, acusando o tenente de "tratar as pessoas [os seus subalternos] com rispidez".
Também o actual comandante da GNR de Vila Nova de Cerveira, que chegou a trabalhar com Miguel Branco, classificou de "explosivo" o comportamento do arguido. "Julgo que não deveria ser tão repentino", afirmou.
O oficial da GNR nega a agressão e confirma apenas que "agarrou" a alegada vítima pelo casaco ao nível dos ombros e lhe desferiu "alguns empurrões no peito para o afastar (…) no sentido de estabelecer a ordem pública". 
ANA PEIXOTO FERNANDES - JN

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